A consistência do estacionário
e o seu papel na festa de casamento
Hoje quero falar-vos sobre as peças adicionais que compõem o estacionário de casamento, que não se esgota no convite e missal.
Falo dos detalhes à mesa, da importância da consistência do vosso conjunto de estacionário de casamento, e a relevância que todas estas pequenas grandes peças têm na criação do ambiente da festa.
Na nossa tradição, o convite e o restante estacionário não são elementos muito valorizados, o foco assenta, por norma, no vestido da noiva – o símbolo máximo deste dia e tantas vezes o sonho de menina -, e no serviço de catering, que representa a responsabilidade máxima no conjunto de escolhas a fazer para a festa do casamento.
Socializar a comer é um hábito intrinsecamente mediterrânico, os povos do sul são, de facto, felizes à mesa e não há festa de família (incluindo os amigos, que são a nossa família alargada), que não se prolongue por várias horas neste formato alegre e partilhado. Comer é sem dúvida algo que nos dá prazer e que temos fortemente enraizado na nossa cultura social e familiar.
Com o passar dos anos – e aproveito para vos dizer que acabámos de completar o nosso nono aniversário! -, venho notando com entusiasmo uma diferença progressiva neste duo de escolhas, com o aparecimento de um novo vetor. O estacionário de casamento está a ganhar espaço e corpo nas escolhas dos noivos e os meus clientes são briosos com todos os elementos de papel.
Preocupam-se com a experiência que estes detalhes adicionais proporcionam aos seus convidados e já não procuram um convite que anuncie apenas uma data, mas toda uma vivência única que cria memórias, uma experiência sinestésica que une os vários sentidos.
Se é de papel, é para o lixo.
Inspirações retiradas de luxuosos estacionários no Pinterest fazem parte da pesquisa recorrente de todos os casais – quem não as tem arquivadas numa pasta dedicada ao assunto? No entanto, na hora de somar as parcelas, este assunto tem tendência a ser diminuído na enorme lista de desejos a concretizar. Há quem acabe por não o valorizar muito, afirmando que tem vida curta e o seu destino é o caixote da reciclagem, ou que o futuro eco-friendly nos diz para reduzir, portanto um convite de casamento digital é a melhor solução.
Ao não darmos a devida importância a este objeto – independentemente da forma que toma -, estamos a esquecer-nos que ele é a primeira impressão (e informação) do dia que estão a planear e que os vossos convidados aguardam ansiosamente. Naturalmente, o restante estacionário sofre também um grande abalo na sua consistência, porque, como num fantástico livro, a capa e o primeiro capítulo abrem as portas para a aventura que se segue. Ora se não cumprimos a promessa que estamos a propor – ou se não propomos nada de relevante, que interesse é que tudo isso tem?
Há muitos fatores para este desligamento entre o convite de casamento e as restantes peças que compõem o conjunto do estacionário.
Já falámos da falta de relevância que alguns noivos atribuem à sua função – um ponto de vista bastante válido, apesar de nos entristecer como criativos -, que é um fator interno, partindo de uma decisão pessoal do casal para a sua festa.
Mas há também fatores externos e circunstâncias propícias a esta partição. Muitos espaços têm incluídos nos seus pacotes de oferta todos os papéis necessários para a festa (do seu ponto de vista), como a ementa, o seating plan e os marcadores de mesa.
Um estacionário de casamento não se esgota nestas três peças adicionais ao convite, mas é claro que na hora de somar custos, se está incluído, rejeitar esta oferta reflete-se num gasto adicional. Os noivos acabam por aceitar este modelo, com esperança que a linguagem definida nos seus bonitos convites se propague nas restantes peças de estacionário oferecido pelo espaço.
Ora bem sabemos que entre a expectativa e a realidade há muito espaço para surpresas, e o que torna um trabalho relevante e imbuído de valor (e também preço), é a sua qualidade: na matéria-prima escolhida, na criatividade de quem o cria, no tempo e capacidade de execução e finalização do objeto final.
Algo que é oferecido, mesmo que o seu custo real esteja diluído na grande fatia que é um orçamento de espaço e catering, nunca pode alcançar a mesma ambição qualitativa e de serviço ao cliente, simplesmente porque é um extra de pouca importância no core do negócio principal.
O papel nunca é igual, as cores não têm a mesma afinação, o processo de produção difere e num caso mais extremo, os tipos de letra cuidadosamente escolhidos para o convite não são usados no resto das peças.
Poderão pensar, ah, mas será que o nosso criador de convites de casamento não pode partilhar essa informação (tipo de papel, Pantone usado, tipo de letra, ilustração original) com o espaço, para que o resultado seja mais fiel?
O que pode ser percecionado desse lado como um simples gesto de boa vontade, é algo impensável para o seu criador, porque põe em causa a sua singularidade, autoria e know-how de especialista. O vosso criativo está à vossa disposição para trabalhar convosco, criando a melhor solução à vossa medida (que incluí a relação preço/proposta), aquela que vai ao encontro do vosso orçamento e sonhos. Se optam por não consumir os seus serviços, é uma decisão vossa e não é expectável que possam usufruir do seu trabalho, de forma gratuita, com esta passagem de conteúdos entre dois negócios distintos.
Para quem repara e valoriza os detalhes, estas alterações retiram consistência à imagem do vosso dia. O conjunto de estacionário de casamento, que até tem um nome próprio para se definir, que é composto pelos vários papéis presentes no espaço, da sinalética variada às ementas, passando pelo packaging das ofertas aos convidados, pelos marcadores de mesa, marcadores nominais de lugar, plano de sala e mensagens calorosas, e até o programa da festa, não só informam como também embelezam e acrescentam carácter, são parte integrante da bonita decoração que escolheram a dedo para o vosso dia mais bonito.
Por todas estas razões, e a meu ver, a escolha do conjunto do estacionário de casamento deve ser levada à sério, tal como todos o outros detalhes que cuidadosamente planearam. Concordam?
Podem sempre deixar o vosso parecer nos comentários, adoraria ter a vossa opinião!
A importância da consistência do estacionário de casamento, um texto escrito a quatro mãos, com a imprescindível de Susana Esteves Pinto, e com as fotografias de Portugal Wedding Photographer com planeamento e styling de Romance Wedding Design, no Palácio de Estoi – Pousadas de Portugal, com flores de Vitoriana, estacionário a pajarita e louça de Vista Alegre.
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