É com muito entusiasmo que retomo os textos sobre o trabalho d’A Pajarita.
O início do ano é sempre um momento propício para começar a explorar tudo o que está relacionado com o casamento, para que as escolhas sejam informadas, as decisões tomadas com tempo e menos pressão e o processo seja agradável e cheio de descobertas felizes!
Escolhi para hoje falar sobre os pedido de orçamento, cuidados a ter e a importância de desmistificar as conversas sobre plafond disponível e números.
Vou focar-me naquilo que melhor conheço, tomando o exemplo dos convites de casamento, mas a abordagem é transversal a qualquer tipo de serviço e em qualquer momento da vossa vida. Precisamente por isso, vamos ter a postura que queremos que tenham connosco, vamos ser claros, honestos e não vamos desperdiçar o tempo.
Por onde se começa?
Esta é a principal questão que surge quando vamos fazer algo pela primeira vez.
A maior parte dos contactos que tenho são de casais que nunca viveram este momento.
Não sintam nunca que essa falta de conhecimento é uma fraqueza vossa, mas sim algo muito natural e comum a qualquer casal. Por isso mesmo, não tenham medo de perguntar, colocar questões só demonstra interesse e exigência, algo muito positivo e construtivo para ambas as partes. Se são noivos da primeira viagem, façam tudo com ponderação e calma, desfrutem do prazer da descoberta e terão o melhor aliado do vosso lado: o tempo.
Já marcaram a data e agora só pensam em gritar aos quatro ventos que se vão casar. Chegou a hora de pensar no convite que anunciará o tão desejado dia e que é o primeiro elemento da história e momento que vão criar.
O que procuramos?
Esta deve ser a primeira questão a colocar.
Há que definir as prioridades e o valor total disponível para gastar, sem que este número vos deixe com constrangimentos financeiros na vida a dois que vão iniciar. Conversem sobre as características que vos enchem coração e olhos, e façam uma distribuição do orçamento em função do que é mais importante no vosso conceito para o grande dia.
Pode ser o registo das memórias (fotografia e vídeo), pode ser a experiência que querem proporcionar aos vossos convidados (o espaço e a refeição, talvez a animação também), pode ser a celebração da vossa união como casal e a extensão da vossa personalidade (os convites, a decoração, as flores), pode ser o que quiserem e não há nenhuma fórmula que seja mais correcta do que outra – todas as pessoas são diferentes e é nessa diferença e variedade que reside a maior riqueza!
Uma casa começa pelas suas fundações, nunca pelo telhado – e é com esta assertividade que devem estruturar os vossos planos, começando pelos números e encaixando os planos e desejos nessa estrutura.
Ao definir o valor máximo a investir nos convites de casamento (e em todos os outros serviços que irão contratar) o vosso planeamento fica facilitado – gastam apenas o que têm alocado a esse item e não terão de abdicar de outras coisas que tinham listado. Por outro lado, o que também é óptimo, ao terem esta visão clara dos vossos custos, permite que avaliem e alterem as vossas opções, se necessário, sem mexer no valor final.
Se o vão fazer, façam-no bem. Tomem decisões claras, seguras e tranquilas, conscientes de que é o dia com que tanto sonharam. É o vosso primeiro dia mais bonito, mas não o único!
Vamos às compras?
No mercado existem várias opções, com soluções para todos os gostos e orçamentos. Pesquisem fornecedores que vos possam oferecer o tipo de convite de casamento que desejam, façam uma pequena selecção de cinco fornecedores e contactem apenas três. Em função das respostas, decidam se contactam os dois seguintes.
O objectivo deste processo sugerido desta forma é manter uma comunicação e circuito de contactos relativamente curto, com um número de orçamentos e opções razoável e simples de avaliar, o que vos vai ajudar a manter o foco no que estão à procura.
Avaliem a consistência dos fornecedores de que mais gostam (não se fiquem por contas de Instagram – consultem os respectivos sites em detalhe, a informação que lá está, se há contactos visíveis, se está actualizado, etc.), e as opiniões dos noivos sobre os seus serviços.
Se tudo está alinhado, sigam o vosso instinto e contactem-nos.
Como contactar?
O contacto inicial pode ser por telefone, por e-mail ou mesmo vídeo-chamada, a última adição ao nosso quotidiano.
O mais apreciado é o e-mail, sobretudo num primeiro contacto, porque é mais simples para dar contexto e alguns detalhes que serão o trabalho de casa a preparar para o segundo contacto.
Se for esta a vossa abordagem, preparem um e-mail claro e informativo, listem todos os detalhes imprescindíveis (data, quantidades), o que estão à procura (tamanho, envelope, acabamento no fecho), e o orçamento disponível para os convites de casamento.
É possível que não saibam em detalhe algumas destas especificações – não há qualquer problema. Data (para que o fornecedor avalie se tem disponibilidade), quantidades (para cruzar com o orçamento e avaliar o volume de trabalho) e orçamento disponível (para que o fornecedor vos possa fazer uma proposta inicial séria e clara) são os três elementos essenciais, que, juntamente com a descrição da vossa ideia, vão dar início á conversa que se segue.
Quanto mais clara e informativa for esta comunicação, mais eficaz e rápida será a resposta.
Aposto que voltaram atrás para reler “o orçamento disponível para os convites de casamento”.
Este parece ser um tema delicado e constrangedor, sem que tenha alguma razão factual para o ser. O valor que alocam a este item é uma decisão vossa, e reflecte a vossa disponibilidade financeira para o assunto e a importância que este item tem na vossa lista, nada mais – não é, nunca, uma avaliação de carácter ou de riqueza, não se sintam julgados por isso!
O orçamento que dispõem para um determinado serviço é uma decisão soberana, apenas vossa, e livre de interpretações de terceiros (ainda que sujeita a isso, mas é algo que não vos deve afectar de forma alguma e, se em algum momento o sentirem por parte do fornecedor contactado, considerem isso um sinal de que não é o vosso par perfeito).
Faço uma ressalva simples, mas não simplista – o valor que destinam a determinado item pode ser mais baixo que o seu valor de mercado real, por falta de conhecimento vosso. Não se sintam mal por essa falta de conhecimento específico, é perfeitamente natural, já que este tipo de aquisição não faz parte do vosso dia-a-dia – há que perguntar, entender as respostas e ajustar as expectativas (e os números!).
Não vale impor essa presunção de valor (errada) ao fornecedor e esperar que seja este a comprometer a qualidade do seu trabalho e assinatura, só para vos agradar e prestar o serviço, não é essa a dinâmica que se quer entre as duas partes interessadas no melhor resultado!
Muitos noivos acham que não se pode mencionar valores e que se o fizerem, terão propostas inflaccionadas. Como já referi anteriormente, a transparência e mensagem clara não mudam o somatório do orçamento, mas são determinantes na atitude e relação na hora de concretizar o projecto em mãos.
Se o vosso plafond é inferior ao preço de mercado para o trabalho pretendido, a minha resposta é composta pelo orçamento real para os convites que solicitaram, (superior ao valor que indicaram, para que fiquem com essa informação e conhecimento e possam tomar uma decisão informada) e acrescento uma ou mais opções, diferentes daquilo que solicitaram, mas respeitando a sua essência, que vão ao encontro dos valores indicados.
Se o vosso plafond é aproximado ou superior, confirma que fizeram o vosso trabalho de casa com empenho, estão bem informados, que os convites de casamento são um item em que querem investir e que haverá espaço para criar uma peça ainda mais especial. Não significa que irei cobrar mais por menos, mas que teremos margem para sonhar – a decisão final é sempre vossa.
Um par perfeito
Se o convite é o primeiro capítulo da vossa nova história, junto das pessoas que vos são mais queridas, o primeiro contacto dos noivos com um fornecedor tem uma importância equivalente.
Um fornecedor de serviços de casamento tem um papel diferenciador neste vosso processo, que inclui muita emoção, stress que baste, dúvidas e decisões complexas que envolvem fatias generosas de dinheiro e a necessidade de agradar a um grupo alargado de pessoas. Esta mistura de forças exige uma capacidade de negociação e de compreensão, de empatia, muito grandes, para que tudo corra da melhor forma.
Manter esta relação bem oleada, simpática e muito equilibrada será uma enorme vantagem e ambas as partes podem contribuir para que assim seja.
Um pedido de cotação sem detalhes demonstra desinteresse e pouco entusiasmo da vossa parte, provavelmente receberão uma resposta equivalente.
Não há razão para uma troca de dez e-mails ser mais frutuosa do que apenas cinco! Se forem excessivamente sintéticos (“queria saber o preço para 100 convites”), a resposta que terão será pouco disponível e cheia de perguntas. Para que se inicie esta conversa no melhor tom (e respectivo resultado), preparem um e-mail onde tratem o fornecedor pelo nome, contem o que perspectivam com detalhe, sejam claros e simpáticos e despeçam-se agradecendo o tempo que vos vão despender. O tempo é algo precioso, para todos.
Agora é aguardar pela resposta, que deverá chegar com brevidade.
Analisem o seu conteúdo com atenção, do orçamento, ao detalhe, passando pela forma como tudo é comunicado e apresentado. Se tiverem dúvidas, esclareçam-nas. Ponderem com tempo e respondam aos pedidos que solicitaram, informando que vão adjudicar o trabalho ou que optaram por outra empresa.
Assim fecham o ciclo de contacto que iniciaram, com toda a elegância e boa educação.
Um “não” é tão importante quanto um “sim”, e merece a mesma atenção – novamente, não é um juízo de valor ou uma avaliação de personalidade ou competências – significa apenas que não é o serviço ou produto certo para o momento.
Agora que encontraram o vosso fornecedor, é hora de abrir o coração, confiar e deixar que o profissional ponha mãos à obra. E assim começa o bonito processo criativo do vosso convite de casamento.
CONVITES: VAMOS ÀS COMPRAS?, um texto escrito a quatro mãos com a imprescindível Susana Esteves Pinto.
Fotos de Hugo Esteves Photography, Carol Ventriglia e Vanessa&Ivo (ordem de publicação).