Hoje proponho um brinde ao elopement wedding, o termo importado da língua inglesa, que se pode traduzir livremente por “fugir para casar”.
Um elopement wedding é, essencialmente, um casamento a dois.
Num passado já remoto, este termo era usado por noivos apaixonados que fugiam para selar o seu Amor, por desagrado ou falta de consentimento dos seus pais. Nos dias de hoje é uma opção romântica para os casais que desejam celebrar o seu amor de forma mais intimista.
Ainda que seja uma opção pouco comum por cá, em tempos de Covid acabou por ser abraçada com mais entusiasmo e serenidade. As razões para escolher este formato são muitas e variadas: a redução obrigatória, por razões de saúde pública, das listas de convidados; a opção de novos espaços, com muito charme, apenas possíveis para pequenos encontros; a timidez e recato dos noivos que não gostam de ser o centro das atenções e encontram aqui uma solução socialmente aceite e à sua medida; o foco no que é (e quem é) realmente importante nas nossas vidas; a importância da data; o orçamento.
O elopement wedding da Patrice e Adrian
O elopement wedding, sendo um formato a dois por definição, não se fecha nesse número. É, na sua essência, uma mini-celebração para um grupo muito restrito, incluindo muitas vezes os pais de ambos e/ou os padrinhos e família imediata, como os irmãos ou filhos.
Patrice e Adrian escolheram Portugal para casar, rodeados de amigos e família próxima, celebrando o seu amor debaixo do maravilhoso sol algarvio.
Mas estávamos em Junho e o contexto mantinha-se bastante incerto e cheio de mudanças. Planear uma grande festa com muitas condicionantes variáveis, como o número de convidados, a avaliação pandémica da região e as quarentenas exigidas à chegada e à partida, revelava-se um pesadelo de dúvidas e frustrações, independentemente da qualidade e assistência impecável dos especialistas contratados.
O sonho parecia estar em suspenso, mas o amor e o bom senso falaram mais alto. Abraçou-se a leveza, casaram na sua data especial e a festa ficou para uma ocasião próxima, mais segura e menos condicionada.
Uma pequena grande festa, para dois
Resilientes, Patrice e Adrian não desistiram de casar na sua data especial e, com a dedicação de uma excelente equipa, rumaram ao cálido Algarve, a dois, disfrutando de tudo que o nosso país pode oferecer.
Um dos fatores a favor de um casamento neste formato, é o orçamento, muito mais folgado, e o número de múltiplos necessários, tão reduzido (dois de cada?), permitirem uma dedicação e exaltação das manualidades que não tem limite. É como se estivéssemos a criar peças originais, singulares e repletas de personalidade e detalhe, e podemos fazê-lo porque são quantidades mínimas, com o respetivo impacto nas horas de trabalho.
Estacionário de casamento para dois
O estacionário ficou a meu cargo, simples, elegante e luxuoso: era esse o resultado que os noivos procuravam na sua visão do dia, independentemente do número de pessoas que estariam presentes.
A simplicidade sensorial do resultado ainda me faz suspirar!
Escolhi um papel manual com 100% algodão, uma folha robusta com um toque delicado e cativante. Nela pintei a aguarela o ouro do sol algarvio, que reluz de mãos dadas com o sonho rosa de um casamento romântico em terras lusas.
A aguarela toma posse do algodão que compõe o papel, deixando em destaque a caligrafia em cinza chumbo.
O envelope sela o anúncio do casamento com um lacre a dois tons de ouro e é abraçado por um fino fio dourado.
A cerimónia íntima realizou-se na igreja, onde trocaram votos que foram fixados em delicados livrinhos e, tal como as leituras, seguiram o conceito e escolhas feitas para o convite.
Mesa para dois, por favor
Para festejar o sonho realizado, seguiu-se uma deliciosa refeição.
Uma elegante mesa para dois, cheia de detalhes, esperava o casal num verdejante relvado. Criei dois menus com rebordo irregular marcado a ouro e dois marcadores de lugar nominais, na mesma linha estética, com detalhes na paleta definida.
Serviram-se deliciosos sabores bem portugueses e os brindes foram como os sorrisos, nunca faltaram!
Mesmo a dois, a alegria é indizível e palpável!
Partilho convosco esta sensação de felicidade e orgulho, tão bem ilustrada pelas lindíssimas fotografias dos Side by Side. Faz-se trabalho tão bom e tão bonito em Portugal, sabemos receber com estilo e coração. Ainda que nos falte um pouco de autoestima e valorização, basta olharmos para estas imagens para que essas dúvidas se desvaneçam!
Um texto escrito a quatro mãos com a imprescindível Susana Esteves Pinto.
Estacionário de casamento: A Pajarita
Fotografia: Side By Side
Planeamento: Algarve Weddings by Sonho a Dois
Espaço: Monte das Oliveiras
Decoração floral: Oura Flores
Make up: Jane Hickey
Cabelo: Hairstyling by Joanna