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A Pajarita & Friends é uma rubrica que une talentos, “la crème de la crème” do mercado português, no que toca à criatividade, experiência e assinatura de qualidade.
Nesta rubrica, irei apresentar-vos ao longo do ano nomes de referência – os profissionais que podem escolher para vos acompanhar no vosso dia, com tranquilidade, profissionalismo e segurança. Com as minhas questões, procuro as respostas que vos faltam, trazendo a clareza, transparência e conhecimento de quem sabe bem o que faz e faz bem o que sabe.

 

Olá sou a Alexandra, sejam muito bem-vindos!

A minha convidada de hoje é uma referência da pastelaria criativa, apresento-vos a Sandra Bernardo, a fundadora da Migalha Doce, sinonimo da combinação perfeita de arte e doces.
Cada bolo é uma criação única e personalizada, refletindo uma atenção meticulosa aos detalhes e uma paixão pela excelência. De design contemporâneo, com um toque de elegância e inovação, destaca-se pela capacidade de transformar conceitos abstratos em obras de arte comestíveis.

 

Migalha-Doce-cake-design

 

Olá, Sandra!
Muito obrigada por teres aceitado o meu convite.

O nome Migalha doce é uma clara referência da pastelaria criativa, crias peças escultóricas de uma beleza incontestável que são comestíveis. São bolos de casamento com uma assinatura inconfundível.
Como é o teu processo criativo e em que te inspiras?

Cada bolo é pensado como uma peça única, que se integra na estética e na atmosfera do casamento e é aí que começa o meu processo criativo. Depois de perceber o que o casal procura para o seu bolo de sonho, mergulho em busca de inspirações. Evito propositadamente recorrer a referências de outros bolos, incluindo os meus, para que o resultado seja verdadeiramente original.
A inspiração vem, muitas vezes, de elementos inesperados: texturas naturais como pedra ou mármore, o toque delicado da cerâmica artesanal, formas escultóricas, o cair suave de um tecido, pormenores arquitectónicos e até detalhes do vestido da noiva. Gosto de explorar referências artísticas fora do universo habitual do cake design e, por exemplo, adaptar uma técnica de cerâmica a uma linguagem comestível. Para mim, o bolo de casamento é mais do que uma sobremesa, é uma peça efémera de arte que encerra um simbolismo e uma beleza muito especiais.

 

Em muitos casos o bolo do casamento está incluído no menu que o catering propõe, e no meio de tantas decisões que são necessárias tomar, os noivos nem sempre se apercebem do impacto (delicioso e memorável) que um bolo da especialidade pode ter na experiência do dia.
O que aporta um bolo confecionado pela Migalha Doce?

Aquece-me o coração perceber que um casal escolhe o meu trabalho porque deseja que o bolo seja um verdadeiro momento dentro do seu dia. Que o vê como um detalhe com significado, algo que faz parte da narrativa visual e emocional do casamento.
Além da estética, valorizo profundamente a experiência sensorial. Cada bolo é feito com precisão e um cuidado quase artesanal, desde a escolha rigorosa dos ingredientes até aos detalhes e decoração final. A textura, o equilíbrio entre sabores e a delicadeza dos acabamentos fazem parte daquilo que torna cada criação memorável. Gosto de pensar que, no meio de tantos momentos marcantes, o sabor e o encanto de um bolo bem feito e bonito podem perdurar na memória de todos os presentes.

 

migalha-doce-mittphotography

 

Um trabalho personalizado tem especificações que vão para além do número de fatias que serve e sabores favoritos.
O que é imprescindível saberes, para dar resposta a um pedido de orçamento?

Para criar um bolo verdadeiramente personalizado, preciso de compreender o contexto em que ele vai viver. O estilo e conceito do casamento, o número de convidados, o local e a altura do ano são fatores essenciais. Mas há também um lado mais subtil que gosto de explorar: a atmosfera do dia, o tipo de experiência que o casal deseja proporcionar, e até pequenos detalhes visuais que possam inspirar o design.
Incentivo sempre os noivos a partilharem tudo o que sentirem vontade, mesmo o que acham irrelevante, porque muitas vezes são esses pormenores que me ajudam a criar algo com alma, que faça sentido dentro da visão e personalidade do casal.

 

Sendo um produto comestível, é imprescindível ter cuidados para o manter inalterável do acto de entrega ao corte do bolo. Que cuidados e que condições são necessárias?

O transporte e a conservação do bolo exigem um planeamento rigoroso. Cada bolo é cuidadosamente estruturado para garantir estabilidade durante a entrega, e faço sempre questão de acompanhar pessoalmente o processo até ao local da celebração.
Depois, consoante o tipo de cobertura e as condições do espaço, há cuidados específicos a ter.
Bolos com buttercream exigem refrigeração adequada, enquanto os cobertos com pasta de açúcar devem ser mantidos à temperatura ambiente, longe da humidade e da luz direta, para que a textura e os sabores estejam no seu melhor.
No momento da entrega, deixo sempre indicações ao responsável do venue, desde como conservar o bolo até sugestões sobre o corte ou a eventual deslocação do mesmo. Tudo é pensado para que o momento do corte decorra com leveza e encanto e sem qualquer preocupação para o casal.

 

wedding-cake-migalha-doce-thevernacularphotography

 

No estacionário de casamento, mais propriamente no menu, é comum aparecer “Bolo dos Noivos”. Como profissional especializada, era gratificante ou importante adicionar mais informação?

Sim, acredito que o bolo de casamento merece o mesmo destaque que qualquer outro elemento gastronómico do menu. Quando o bolo é personalizado, faz todo o sentido partilhar
com os convidados os sabores escolhidos, especialmente se foram definidos com carinho durante a prova.
Esse pequeno gesto acrescenta valor ao momento, desperta curiosidade e ajuda a envolver ainda mais os convidados. Afinal, o bolo é uma extensão da personalidade do casal e pode ser apresentado como tal.

 

O momento de corte do bolo, a meu ver, sempre teve muito impacto. Tradicionalmente, fechava a festa, hoje em dia pode acontecer em inúmeros momentos, ao longo do dia. Que diferenças tens presenciado e qual é a tua preferida?

Tenho assistido a muitas abordagens diferentes: desde o corte tradicional ao final da festa, a momentos mais intimistas logo após a cerimónia. Há quem o integre como ponto alto do jantar, ou até como pretexto para uma pausa descontraída da passagem entre momentos.
Sinto que estamos a viver um regresso à valorização do momento do corte, mas com uma liberdade criativa maior. Pessoalmente, gosto muito quando acontece logo após à cerimónia, inicio da tarde, ainda com luz natural, num ambiente calmo e ainda com todos os detalhes intactos. Permite não só registar a beleza do bolo, como também criar uma memória visual e emocional mais forte, tanto para os noivos como para os convidados.

 

migalha-doce-cake-design-sandrinephiliephotography

 

A terminar, peço-te um bom conselho para os noivos que procuram o caminho mais tranquilo na escolha do seu bolo.

Escolham um bolo que fale sobre vocês, não precisa de seguir tendências, nem de agradar a todos. Deve ser algo com significado, que vos traga alegria e que se encaixe naturalmente no
vosso dia.
Confiem na pessoa que escolhem para o criar e aproveitem o processo. Desde a prova até ao momento de o partilhar com os vossos convidados, o bolo pode ser uma experiência bonita e tranquila, se for pensada com intenção. No fim, o que fica são as memórias e um bolo com alma ajuda a torná-las ainda mais doces.

 

 

Despeço-me, agradecendo o precioso tempo disponibilizado para a nossa breve conversa, as palavras dirigidas aos noivos e por partilhares connosco as tuas criações deliciosas.

Até ao próximo artigo!

 

 

MIGALHA DOCE, uma entrevista redigida por Alexandra Barbosa para a rúbrica  A Pajarita & Friends.

Fotografia de cima para baixo: Migalha Doce, Mitt Photography, The Vernacular Photography e Sandrine Philie Photography.

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