“O que vos inspira?” é, muitas vezes, a minha pergunta inicial quando me sento a conversar com os noivos que me visitam.
Já falámos várias vezes por aqui sobre a diferença entre tema e conceito, o primeiro limitado e cheio de restrições, o segundo libertador e repleto de caminhos a explorar.
Se se sentirem um pouco inibidos, sem saber bem como reagir e apontar à ideia de um conceito, uma excelente forma de desbloquear os sentidos é abrir as portas ao que gostamos muito, o que nos provoca bem-estar e um sorriso, nos põe o coração a bater mais depressa. Estas são as sensações que experienciamos quando algo nos inspira (até o acto físico de respirar profundamente é reflexo desse agrado).
Pode ser um objecto, um sabor, um som, uma memória, uma pessoa: será sempre algo que nos agrada profundamente e está intimamente conectado connosco.
Hoje quero falar-vos de um quadro que me inspira tremendamente!
O Passeio, Mulher com Sombrinha (1875), também conhecido como Madame Monet e o Filho, ou ainda como Camille e Jean na Colina, está entre os quadros mais famosos de Claude Monet, um dos grandes nomes do Impressionismo, autor da incrível série Os nenúfares.
Esta obra faz parte do conjunto de quadros que Monet pintou durante os verões 1875 e 1876, e que retratam o jardim da sua casa em Argenteuil e os campos cobertos de papoilas perto de Colombes e Gennevilliers. A luz e a brisa parecem sair da tela e contagiam-nos, respirando os longos dias de verão.
Doze anos mais tarde, Monet regressa a este tema e cria duas outras composições, também muito conhecidas: Ensaio de Figura ao Ar Livre, Voltada à Direita e Ensaio de Figura ao Ar Livre, Voltada à Esquerda. Este último quadro está exposto no Museu d’Orsay, em Paris, e serviu de inspiração para o conjunto de estacionário de casamento e decoração floral que vos mostro de seguida, através das belas fotografias do Bruno Ribeiro.
Fiel aos princípios da corrente impressionista, foquei-me nas sensações que as imagens nos provocam e expressei-as através dos meus media preferidos: papel artesanal, de grão texturado, desenho e cores vibrantes. As pinceladas expressivas que a tinta acrílica permite, equilibra-se plenamente com a subtileza que a aguarela sugere. E estas cores, gritam verão, alegria e dias para lá de bonitos!
De um quadro exposto num museu em Paris, absorvi sensações e emoções que expressei, depois de filtradas pelo meu coração, cabeça e mãos, num convite de casamento e na decoração floral que o acompanha. Um rico e frutuoso exercício de estilo, cujo resultado é pleno de frescura e, até, inesperado.
A inspiração é algo de maravilhoso, abre-nos as portas para uma viagem pelas ideias. Quando começamos, não sabemos qual o destino, e quando lá chegamos uma coisa é clara: a escolha não podia estar mais certa!
Flores e papel. Pinceladas expressivas e subtilezas em aguarela. Texturas de papel artesanal a contrastar com a fineza da fita de seda que prende o bouquet. Um arranjo floral onde as cores parecem vibrar.
Tudo neste conjunto me leva ao seu ponto de origem, o quadro que me é tão querido.
Sinto o sopro do vento que nele permanece!
Um texto escrito a quatro mãos com a imprescindível Susana Esteves Pinto .
Créditos:
Estacionário e styling floral: A PAJARITA
Fotografia: Bruno Ribeiro
Veja o artigo O MEU QUADRO PREFERIDO DE MONET no Simplesmente Branco, com bonitas fotos de uma inspiração onde o mote é uma belíssimo quadro do consagrado Monet, encontre-o aqui